Raquel Araujo Silva Ventura,

nascida em Belo Horizonte, nos últimos dias do ano de 1969, absorveu em sua infância um senso de espiritualidade forte, de respeito ao divino e amor ao próximo, frutos da origem de seu pai Haroldo, que sem influências herdadas criou seu próprio caminho religioso, de pertencimento a igreja católica, e também de sua mãe Terezinha, nascida em uma família que cultuava intensamente os ritos e tradições cristãs.

Essa influência cristã e a base familiar fundada por valores de união, respeito e amor, fez nascer em Raquel uma semente missionária que determinou sua trajetória desde então.

“Meu pai construiu isso nele, minha mãe herdou da família dela, e nós filhos herdamos também. Uma religiosidade sempre presente, o catolicismo bem engajado, no sentido tanto de participar de movimentos quanto de amar ao próximo sempre!”

Filha de pai vendedor e mãe professora primária, teve a presença da avó materna fortemente em sua criação. Diariamente, ela e os irmãos iam da sua casa pequenininha, nos fundos da casa dos avós paternos, para o quintal da avó materna, que era vizinha; ali brotaram seus primeiros imaginários infantis.

Escondida na dispensa, deitava suas bonecas em um “divãzinho” que havia ganhado de presente. Naquela idade já percebia que algumas pessoas eram infelizes e queria que todos se sentissem bem como ela mesma se sentia.

“Eu tive uma infância que me favoreceu muito os sentimentos de felicidade, de amor e aconchego, então eu fazia isso com minhas bonecas, eu imaginava que elas não se sentiam felizes e eu estava ali na minha sabedoria de cinco anos orientando-as a serem felizes; então eu nasci psicóloga.”

1984
Raízes

Movimento de espiritualidade católica. 

Essa identificação com os valores paternais fez crescer nos irmãos Léo, Quincas e Raquel uma inspiração missionária, que culminou na fundação do primeiro movimento oficial, o grupo de jovens Raízes, um movimento de espiritualidade católica, criado em 1984.

Liderados pela vocação de Raquel, pregavam a palavra de Deus em vilas e favelas, visitavam hospitais, e ajudavam o próximo aonde quer que ele estivesse. Já em 1994, a então comunidade Raízes unificou sua orientação do evangelho em trabalhos de “cura interior”. As reuniões passaram a ter o propósito de ajudar o próximo através de orações de cura emocional, de ensinar sobre o perdão e a amorização dos sentimentos, e como esse entendimento traria mudanças na vida das pessoas.

As andanças da Comunidade Raízes levaram para mais de 40 cidades do Brasil e América Latina, pregações e retiros sobre a conversão do coração humano, experiências do amor de Deus e a Cura Interior, chegando a conduzir públicos de 5.000 pessoas e a cultivar uma convivência muito rica com vários lideres de dioceses e congregações, e também com leigos engajados na vida do evangelho.

“Este trabalho, um frasco de perfume tão pequeno, mas tão precioso, une ciência e fé, duas coisas inseparáveis – pois o homem criado por Deus é, antes de tudo, espírito – mas que tanta gente separou e insiste em manter separadas: daí a consequência de tanto estrago na ‘ciência da ajuda’, que é a Psicologia.”

— Padre Jonas Abib – Comunidade Canção Nova

Ainda em 1987, ao ingressar com 17 anos no curso de Psicologia da UFMG, logo percebeu a relação da ciência do comportamento com o trabalho que a Raízes fazia. Ajudar as pessoas a superar seus conflitos através da oração tinha um pouco do cunho psicológico, e a ação espiritual da oração, da missão de Raquel, convergia com os conceitos da psicologia.

A discussão da ciência humana, a sociologia e antropologia, a visão de mundo e as várias abordagens sobre o homem e a relação com ele mesmo, com a natureza e seu transcendente, confrontaram os valores de Raquel ao conhecer a teoria “ácida” de Freud no estudo da psicanálise. Mesmo identificando as dificuldades de aplicabilidade dessa biografia, algo chamou atenção: o inconsciente.

Em busca de amplitude científica encontrou no existencial humanismo sentido para suas definições. Entender o ser humano como biológico, psicológico e noológico, a fez observar no contexto tridimensional uma análise integrada de corpo, mente e espírito.

“O inconsciente é como uma ilha. A maior parte da ilha está de baixo da água, a gente não vê, mas está. Ela é a base e sustentação da ilha. E assim é o inconsciente. A base de nosso psique é o inconsciente. Tem muito mais coisa lá do que na nossa razão, que seria a parte que está para fora da ilha.”

“A minha visão de mundo era uma visão positiva, tendendo a querer ampliar; sobre o que mais eu poderia saber do mundo? O que eu mais posso saber do ser humano? O que mais eu posso saber da experiência do ser humano com a natureza, com ele mesmo ou com o transcendente?”

A fundo no estudo da Logoterapia, desenvolveu técnicas de psicoterapia breve, que atua no foco da questão, buscando objetivamente a raiz do problema que se deseja eliminar, potencializando assim diagnósticos para superação de questões, na aquisição de compreensão e autoconhecimento.

“Pesquisei técnicas breves de abordagem, eficazes em tempos mais curtos possíveis, levando em consideração a condição econômica da população brasileira. A abordagem breve foi algo que tocou meu coração. Você fazer uma terapêutica eficaz que devolva ao paciente a sua condição de equilíbrio o mais rápido possível fez todo o sentido para mim.”

“O ser humano é único, ele pode estar de baixo de um viaduto, ele pode estar no palácio real. Ele sempre vai ter motivações internas, dores existenciais, questões humanas. E eu encontrei pessoas que desejavam coisas boas, e que talvez não conseguissem praticá-las, ou sequer achar que às mereciam. Descobri fundamentalmente o ser humano como quem busca algo, seja em cima de um lixão ou em locais sociais economicamente privilegiados, e é nessa brecha que eu entro. O que você está buscando?”

Escrevendo as conclusões de seus atendimentos e resumos científicos do comportamento, utilizava de pequenas apostilas para a educação emocional integrada de seus pacientes, compreendendo as ciências comportamentais em um contexto de corpo mente e espírito.

1993
Vitória/ES

Aplicação da Educação Emocional Integrada. 

Vivendo em Vitória no Espírito Santo no ano de 1993, seu trabalho foi aplicado em crianças de uma clínica pediátrica particular, obtendo respostas significativas na eliminação de sintomas psicossomáticos, assim como em adultos e crianças de uma população que morava em cima de um lixão, e que apresentaram ganhos reais de compreensão, auto estima e senso de responsabilidade.

1995
Retorno a BH

Educação Emocional Integrada. 

Em 1995 Raquel volta a Belo Horizonte, e em mais de duas décadas dedicadas à psicologia clínica pode intervir com sua Educação Emocional Integrada em algumas centenas de pessoas, que foram reconduzidas a vida plena, de equilíbrio emocional e eliminação de traumas.

1997
A Cura do interior, psiquismo e espiritualidade

A apostila vira livro. 

As apostilas viraram livro em 1997, em “A Cura do interior, psiquismo e espiritualidade” reeditado em 2002, “A Cura do interior, uma jornada em busca do amor e sentido da vida”, com mais de quinze mil cópias vendidas.

Desde 2017, a creche Morada Nova no morro do Papagaio em Belo Horizonte, através do projeto Vida Feliz, vem transformando a realidade de seus alunos, pais e comunidade com a aplicação da Educação Emocional Integrada. Em 2019, outras cinco creches no mesmo aglomerado do Morro do Papagaio serão amparadas pelo projeto Vida Feliz.

Em uma comunhão sobre o amor e a vida com a jornalista e fotógrafa Ivna Sá, publicaram em 2018 um livro de cartas “A vida que pulsa em nós, a vivência do amor no cotidiano e a experiência de uma vida com sentido: cartas de uma mãe e uma terapeuta.”